Na disputa de mercado, as empresas Grand Cru, Evino e Wine diversificam seus canais de atendimento e suas estratégias para atender o consumidor. E vale quase tudo: de lives a marcas próprias até lojas físicas
A briga pelo consumidor de vinhos ganhou novos lances durante a pandemia do Corona vírus. Se antes cada companhia parecia atuar em seu nicho de atividades, do canal online nos e-commerce às comprar presenciais nas lojas físicas, agora elas procuram atuar em todas as frentes para captar a atenção (e a decisão de compra) dos consumidores.
“As empresas de vinho estão se reinventando em plena pandemia e todas querem conseguir um contato direto com o consumidor”, afirma Valdiney Ferreira, coordenador do curso de negócios de vinho na Fundação Getúlio Vargas. Segundo Ferreira, não basta apenas ter canais de mídia social ativos ou um telemarketing eficiente. Agora, é preciso captar a atenção das pessoas nos diversos canais de consumo, seja ela um cliente ativo ou potencial.
Rodrigo Lanari, que representa a consultoria inglesa Wine Intelligence no Brasil, vai além. “Começamos com o conceito do omnichannel, mas já estamos no allchannel, em que todas as maneiras de chegar ao consumidor estão no radar das empresas”, diz Lanari.
naugurado pelas dificuldades da quarentena. “É uma forma de chegar até as pessoas que compram por impulso”, diz Lanari, da Wine Intelligence.
Três lançamentos exemplificam essa disputa acirrada pelo consumidor. O mais recente é do e-commerce Evino, que acaba de lançar a sua marca própria, a Vibra. No modelo da empresa, não basta apenas importar vinhos e vendê-los em flash sale, promoções rápidas com preços com descontos.
A Evino quer capturar o consumidor com sua marca e mantê-lo fiel. “É um ativo nosso, que encurta os canais até o consumidor final”, afirma Ari Gorenstein, co-CEO da Evino.
O primeiro produto é o vinho em lata, nas versões branco, rosé, tinto e espumante, com preço de R$ 12,90 a latinha. O vinho vem da vinícola Goés, de São Roque (SP). Em breve, o site do e-commerce vai disponibilizar também acessórios, como champanheiras, com a marca.
Em um segundo momento, a marca Vibra deve crescer para outras linhas de produtos. O plano é entrar com a marca própria na categoria de bebidas prontas para consumo, como coquetéis, sangrias e clericot
Outro exemplo, lançado em agosto, é o da importadora Grand Cru, que tem 80 pontos de venda no Brasil entre lojas próprias e franquias. A empresa decidiu apostar em sua plataforma de live commerce, um conceito ainda novo no Brasil, mas bastante utilizado, principalmente, na China e nos Estados Unidos.
No modelo, uma plataforma online (a Grand Cru ao Vivo) simula uma venda presencial. Ao entrar na Grand Cru ao vivo, o cliente encontrará um vendedor que responde as perguntas feitas pelo consumidor pelo chat. Quando não há perguntas, ele fica anunciando os rótulos selecionados pela importadora e divulgando algumas promoções. “Não é uma experiência do e-commerce. É uma plataforma para atender pessoas menos tecnológicas”, diz Alexandre Brett, diretor da Grand Cru.
Por esse motivo, apenas cerca de 50 dos mais de 1.900 rótulos da Grand Cru são ofertados nesse modelo. Sem citar números sobre o investimento, Brett diz que a previsão é que esse canal tenha o mesmo movimento de uma loja física.
Quem também está diversificando seus canais de vendas é a Wine, empresa que divulgou prospecto para abertura de capital na B3. A companhia de e-commerce de vinhos abriu, no início de setembro, sua terceira loja física, a primeira em São Paulo. O plano é aumentar o que seus executivos chamam de “experiência do cliente”.
Os 179 mil assinantes do Clube Wine, marca registrada da compa
nhia, agora podem entrar em uma loja e comprar uma garrafa ou até mesmo pedir pelo delivery, para uma entrega mais rápida.
A loja física é também integrada à estratégia online. O aplicativo Wine Vinhos, por exemplo, avisa sempre que um cliente estiver a um raio de 10 quilômetros da loja e pergunta se ele quer passar no novo ambiente de vendas
Desde o início, o plano da Wine era ter uma loja em São Paulo. O e-commerce, no entanto, começou com uma unidade em Belo Horizonte, no fim de 2019. Em maio deste ano, a empresa abriu a sua segunda loja em Curitiba.
O espaço paulistano demorou um pouco mais a ser inaugurado pelas dificuldades da quarentena. “É uma forma de chegar até as pessoas que compram por impulso”, diz Lanari, da Wine Intelligence.
O especialista afirma que a maioria desses movimentos já estavam no radar das empresas e foram, na verdade, acelerados pela pandemia. No mundo do vinho, o Brasil já tinha uma quantidade grande de consumidores que compravam online, o que explica também por que empresas como a Wine partem para a loja física ou que a Evino aposte em marcas próprias.
Estudo da Wine Intelligence mostra que o Brasil é o terceiro país com maior população de compra de vinhos por plataformas online, atrás apenas da China e os Estados Unidos, e a frente de mercados como Reino Unido e Japão. Essa estatística indica também que as empresas de vinho que ainda não estão online – e há ainda há exemplos no mercado – não demorarão para apresentar a sua plataforma ao mercado.
Matéria Fonte – NeoFeed