Fonte: Terra – Por Victor Dubugras
Os cartões de crédito de marca própria, conhecidos como private-labels, foram uma importante iniciativa do mercado financeiro
Os cartões de crédito de marca própria, conhecidos como private-labels, foram uma importante iniciativa do mercado financeiro. Eles ajudaram as grandes redes de varejo a monetizarem e rentabilizarem ainda mais as suas marcas, oferecendo alternativas para facilitar compras com diferentes condições. Parcelamentos com pagamentos após 60 dias e taxas de juros diferenciadas, ou até mesmo benefícios em programas de fidelidade são fatores que ajudaram a incrementar a receita.
No entanto, esses modelos criados e aprimorados nas décadas passadas, com suas variáveis híbridas (que podem ser utilizadas em outros estabelecimentos) e co-branded (criados em parceria com grandes marcas), estão fortemente amarrados às questões bancárias, já que as instituições emissoras ainda ficam responsáveis por grande parte da operação. De certa forma, isso deu um pouco de poder aos varejistas frente as altas taxas cobradas pelas operadoras de cartão, mas ainda abraçava uma pequena parte de um problema bem maior – todo o resto da cadeia de pagamentos e fornecimento.
Este cenário começa a dar sinais de mudanças. Ao invés de contarmos com apenas duas operadoras de cartão, o mercado agora mais regulado, facilita a entrada de novos players para que melhorem a oferta e a qualidade do serviço. Por consequência, novos e melhores players começaram a oferecer soluções um pouco mais customizadas separando ofertas por nichos de atuação. Esse movimento conseguiu incluir, por exemplo, PMEs, que agora consegue receber pagamentos de cartão em uma oferta de compra de equipamentos trazendo mais previsibilidade de custos- uma preocupação em sua realidade.
Além dos novos players, que fazem uma leve releitura do sistema tradicional quando se tratava de adoção de meios de pagamentos, surgem também fintechs que trazem soluções para mercados de nichos específicos, possibilitando cada vez maior integração com o sistema de pagamento e trazendo maior inteligência financeira para toda a cadeia comercial. Algumas empresas atuam na integração de pagamento, criando inteligência no ponto de venda. Outras, trabalham na infraestrutura, permitindo uma maneira mais fácil de empresas criarem sua própria máquina de cartão (white-label) e acessarem um mercado tradicionalmente dominado pelos bancos.
No segundo modelo, as empresas combinam alguns dos benefícios gerados no private-label, porém com algumas vantagens visivelmente maiores. Além de criar soluções para fidelizar o cliente final, elas permitem maior poder em toda a operação, podendo assim customizar soluções para toda a cadeia de vendas e fornecimento. Uma das soluções, por exemplo, é fornecer crédito e descontos para vendedores indiretos em uma cadeia de distribuição. Além de fornecer taxas menores para um elo importante da força de vendas, existe a possibilidade de fidelizar o vendedor indireto com descontos e promoções especificamente criadas para seu mercado.
Assim, uma mesma empresa consegue ter maior controle e autonomia sobre todos os seus recebíveis, cortando muitos dos intermediários e garantindo maior poder de negociação, afinal, uma rede atacadista que conta com milhares de terceirizados consegue taxas bem menores do que cada um individualmente.
Com essa democratização, chega ao fim uma era de negligência com os médios e pequenos empreendimentos do Brasil, que sofriam com os altos valores praticados nessa área e o setor de pagamentos. Por consequência, esses mesmos lojistas ganham agilidade, com processos mais otimizados, eficientes e mais baratos. É fato que as fintechs estão gerando valor para seus clientes, que fazem desse mercado cada vez mais forte.