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Inflação dos alimentos: marcas de varejistas são opção para economizar

Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2022, o gasto dos brasileiros com produtos de marcas próprias das redes de varejo aumentou mais de 20%

Diante da alta da inflaçãoo consumidor busca se ajustar à queda no poder de compra. Os supermercados já notam uma diferença no comportamento das pessoas — por exemplo, os dias de maior movimento agora são aqueles próximos ao recebimento dos salários; além disso, outro fenômeno surge: a crescente busca por marcas próprias ou exclusivas das redes varejistas.

 Como a inflação funciona no dia a dia?

A inflação significa o aumento do preço de alimentos, produtos e serviços mais consumidos pela população. Por isso, até mesmo o crescimento do preço de apenas um item específico pode pressionar a inflação para cima, o que se aplica caso tal produto seja essencial.

No caso da gasolina, por exemplo, quando o preço sobe de maneira desenfreada, acaba acarretando alta na inflação. Isso porque ela é insubstituível e sua alta acaba impactando uma categoria que afeta o preço de diferentes mercadorias: o setor de transportes.

Ainda pensando no impacto da inflação no dia a dia, é preciso dizer que o consumidor não só paga a mais em diferentes categorias do mercado como também as opções diminuem. Com isso, as pessoas usam uma parcela maior de rendimento para manter o consumo básico e, em alguns casos, precisam deixar de gastar com determinados serviços ou produtos.

Como consequência, diminui-se a atividade econômica e, no limite, pode ocorrer uma crise.

As estratégias do consumidor para escapar da inflação

Com a inflação brasileira ainda em níveis elevados e o aumento nos preços, a seleção e compra dos alimentos mais consumidos foram repensadas. A partir disso, os supermercados estão realizando mudanças no setor frente as estratégias adotadas pelos clientes para escapar da inflação.

As idas às compras do mês agora requerem novos planejamentos. Um deles tem sido recorrer às marcas próprias das redes de varejo, o que pode levar à economia de até 30% por item. Pesquisas realizadas pela Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) mostram que a média de itens de quem compra as marcas próprias dos supermercados são 120% maiores do que aqueles que optam só por marcas tradicionais.

A presidente da Abmapro, Neide Montesano, explica que “é cada vez maior o número de consumidores que ‘abrem mão’ de marcas conhecidas e colocam no carrinho produtos de marcas próprias”. Inclusive, os dados levantados comprovam que, entre janeiro de 2019 e janeiro de 2022, o gasto dos brasileiros com esses produtos aumentou mais de 22%.

O que os especialistas acham do cenário?

O E-Investidor conversou com especialistas para entender se a estratégia adotada pelos consumidores faz sentido no cenário de inflação e reuniu outras dicas importantes sobre o tema.

Mikhail Liu, gerente de desenvolvimento de negócios da empresa Flowwow, diz que, em primeiro lugar, mais do que apenas “buscar produtos de marcas próprias, o consumidor deve também estar sempre com a calculadora e a lista na mão para não sair do orçamento disponível“.

Além disso, o especialista explica que “algumas famílias não conseguem se voltar para produtos de marcas próprias pelo medo de baixa qualidade, para não gastar o limite que têm com o ‘duvidoso’, o que torna a ida ao mercado ainda mais desafiadora”.

Considerando essa realidade, Liu dá outras dicas para quem não se sente seguro de optar por produtos de marca própria: “Podemos sempre esperar pela baixa no custo de algum produto, e a melhor maneira de não perdê-lo nesse meio-tempo é com marcas próprias, produtores locais e até compras a granel, assim você também ajuda o comerciante local”.

Walmur de Almeida Carvalho, gestor de Trade da Rede Unishop, reforça que a “ampliação dos espaços para produtos com marca própria é uma boa estratégia adotada por redes de supermercados, farmácias, atacados e atacarejos, pois conseguem atrair e fidelizar quem busca produtos com qualidade e preços mais adequados para o consumo”.

Por fim, Alexandre Cunha, diretor-executivo (CEO) e cofundador da Aruba Natural, levanta um ponto importante também para os empresários: “Um caminho interessante que já começou e para nós, da indústria e gestores de marcas, pode fazer sentido é o cobranding, ou seja, uma parceria entre as marcas. […] Unindo as forças entre os varejistas e as marcas já conhecidas”. “O consumidor entende que houve uma parceria. É uma marca própria daquela rede, mas há um padrão de qualidade garantido por uma marca que é referência”, complementa Cunha.

Fonte: https://einvestidor.estadao.com.br/educacao-financeira/inflacao-valorizacao-marcas-proprias-gera-economia/