O mercado de alimentos da Espanha segue em forte ascensão para as Marcas Próprias, que vêm conquistando cada vez mais espaço frente às marcas tradicionais. Um estudo recente aponta que, se a tendência atual continuar, até 2035 essas marcas poderão dominar 70% das categorias no país.

Nos últimos 15 anos, a participação das Marcas Próprias no varejo espanhol saltou de 27,2% para 43,7%. O avanço tem sido impulsionado principalmente pela mudança de foco das grandes indústrias, que priorizam ganhos de curto prazo e reduziram investimentos em áreas estratégicas, como inovação, mídia e sortimento.

Segundo Cesar Valencoso, diretor de Consumer Insights da Kantar Worldpanel, a redução no número de lançamentos é um dos sinais mais claros dessa mudança: hoje, são 43% menos lançamentos do que há 15 anos. Além disso, os cortes em publicidade (-26% em relação ao pré-Covid), promoções (-11% em 10 anos) e a perda de diferenciação de preços (-22 pontos em comparação às Marcas Próprias) abriram espaço para que os varejistas fortaleçam suas linhas próprias.

“As Marcas Próprias aproveitam esse terreno para ampliar visibilidade, expandir canais de distribuição e se conectar a novos momentos de consumo”, explica Valencoso. Ele ressalta ainda que empresas mais ágeis, geralmente de menor porte, têm quatro vezes mais chances de sucesso do que grandes marcas, que tendem a responder de forma mais lenta às mudanças.

Outro fator que favorece o crescimento é a transformação no perfil das famílias espanholas. Hoje, os lares sem filhos representam uma fatia cada vez maior do consumo: há dez anos, eles eram responsáveis por mais de 50% das vendas em 33 das 100 principais marcas; agora, esse número subiu para 64%. Isso tem levado a uma redução do tamanho das cestas de compra e a maior procura por formatos menores de varejo, com sortimento mais enxuto — terreno fértil para as Marcas Próprias.

Combinando conveniência, inovação e custo-benefício, a Espanha caminha para consolidar as Marcas Próprias como protagonistas de seu varejo alimentar nas próximas décadas.

Fonte: SuperHiper